Eu
não vou falar de movimento feminista. Eu quero falar de mulher, seja ela
militante partidária, militante em algum movimento feminista, negra, pobre,
rica, dona de casa, letrada ou iletrada.
Toda
mulher luta desde que nasce. Na antiguidade lutavam para sobreviver em
sociedades em que eram descartáveis. Lutam na China com a política do filho
único, explico: Na China e no Japão os filhos homens tem obrigação de cuidar
dos pais na velhice, o Estado dá maior incentivos a quem tem filhos homens e
praticamente nenhum a meninas, então elas ou são abortadas, deixadas para
morrer ou lotam depósitos de gente.
Quando
somos meninas lutamos contra o abuso e a exploração sexual. Nós somos a maioria
nos casos de abuso sexual e estupro de vulnerável (até 12 anos), que não
acontece na rua, mas, em casa com o pai, o padrasto, o namorado da mae, o tio,
o avô, o primo…E se somos meninas com deficiência somos mais vulneráveis ainda.
Se
somos meninas pobres e nossas mães (hoje chefes de família) tem que trabalhar,
mesmo que haja um irmão mais velho, nós com oito, nove, dez anos, assumimos a
casa. E sabe o que acontece? Deixamos de estudar e apanhamos se nossa mãe não
chegar em casa e encontrar todo serviço feito. Numa perversa troca de papeis de
gênero, onde nós somos a “dona de casa” e a nossa mãe “é o provedor” e assume
um “papel masculino”.
Para
escapar dessa situação normalmente casamos “juntamos” com um “carinha”, temos
um filho e na grande maioria (há exceções) cedo ou tarde começamos a sofrer
violência desse “marido”, temos baixa escolaridade, um filho e o bolsa família
não é o bastante para comer e alugar uma casa. Então ficamos naquela relação
violenta porque não temos para onde ir e porque a família é um lugar que não dá
para voltar mais.
Pior
é quando a gente sofrendo tanta violência em casa, até sexual, nós vamos para
rua e nos prostituímos, nos drogamos e sofremos todo tipo de violência. Se
somos apreendidas ou presas nossas condições são subumanas, além de mais
violência, principalmente sexual que sofremos e o abandono da família, do
companheiro, que por vezes deixa em nós um filho que vai nascer na prisão e aos
seis meses ser separado de nós.
Somos
trabalhadoras, ganhamos menos que os homens, sofremos assédio moral e sexual no
ambiente do trabalho. Sofremos assédio nos transportes públicos quando nos
deslocamos para o trabalho. Sem falar aquela “maneira de nos tratar como
eternas menininhas, coisinhas, fofinhas, bibelozinhas” que de uma forma
camuflada nos diminuiu no mundo masculino.
E
como trabalhadoras somos donas de casa. E se trabalhamos, seja qual for nossa
condição social (somente se formos muito ricas e tivermos uma funcionária
doméstica), chegamos em casa e tem trabalho esperando por nós. o jantar/almoço,
o filho para cuidar, o marido e no fim
de semana as compras, a faxina, a roupa pra lavar e passar para deixar a casa
organizada para semana.
E
não taxem a dona de casa de “alienada e não trabalhadora”, da hora que acorda,
quase nunca depois de sete ou oito horas da manhã, ela não para até a noite com
os diversos cuidados com a casa, filhos, marido e tudo o mais.
Gestar
e criar um filho é uma grande luta. Nem todos são reconhecidos ao tempo de
dedicação (abrindo mão de sonhos próprios) para orientar, cuidar, ouvir,
acompanhar...e nos esquecem na velhice.
E
na velhice somos abandonadas em asilos ou somos aquele estorvo que recebe
gritos dos filhos ou sofrem abusos financeiros deles.
Então nossa luta é
diária. Todo dia é uma luta para uma mulher. Esteja ela num movimento
organizado, cheio de contradições e divergências, muitas vezes difíceis de
conciliar, como em qualquer movimento. Além da nossa luta diária.
E
olha que eu falei da nossa luta em geral. Nem falei da luta da mulher negra que
é duas vezes mais árdua.
Então,
por favor, antes de nos exortar a LUTAR olhe nossa luta diária, olhe ao seu
redor, olhe as mulheres que os cercam: dentro de casa, na rua, no local onde
você trabalha.
E
os convido a aderir ao Eles por Elas e unir-se a nós como parceiros na nossa
luta. Ela é nossa sim e lutamos. Mas, ela é também de vocês homens, que
acreditam numa sociedade justa, equânime, igualitária, socialista.
Então,
vamos LUTAR JUNTOS?
http://www.heforshe.org/pt#take-action
PERFEITO, precisamos que Eles se aliem a nós, não lutamos contra Eles, mas sim, para a "melhoria" da raça humana!!!
ResponderExcluirAmei seu texto, obrigada, abraços carinhosos
Maria Teresa