Eu

Eu

quinta-feira, 18 de junho de 2015

QUEBROU-SE O ESPELHO


O espelho em que me mirava
E via-me refletida
Aterrorizava-me a alma
Porque estranhamente me despia.
Nele, via meu sentir, meu fazer, meu pensar
Estranho encontro de almas
Caminhos paralelos que se cruzam
Histórias, dores, lutas, lagrimas e risos
que se misturam numa costura invisível.
Eu sou o espelho e o espelho sou eu.
Ecoa a minha alma
Aterroriza-me esse eco
Que me fortalece e me enfraquece
Me cobre de confusão.
Mas, o tempo é implacável
As circunstancias indomáveis
Mirar-se no espelho
aceitar que é um desdobramento de mim
Seria irremediavelmente dissolver-se
Seria irremediavelmente completar-se
Seria irremediavelmente se costurar-se: corpo, alma e espirito
E formar um absoluto.
Quebro o espelho na atitude desesperada
De enfim separar-me
Recobrar-me em apenas eu sem tu.
Ao quebrar o espelho vejo que quebrei-me em pedaços
E agora que vejo apenas meu Eu,
entendo que o amor chegou
Fez morada
Mas, uma morada somente em mim.
Longe a certeza é maior que o espelho me refletia
Mas, nunca refletiu o amor que eu sentia.
Quebrado o espelho, desfeito o encanto
Cortada a costura
Recobrada a minha unicidade
Percebo a ilusão
Talvez todo tempo amava a imagem que me refletia
Numa ilusão de ótica
De um espelho que mentia.
Candida Maria Ferreira da Silva


Nenhum comentário:

Postar um comentário