Eu

Eu

domingo, 4 de janeiro de 2015

EU SOU HOMEM COM H, COM H SOU MUITO HOMEM

ramboTerminei o curso sobre violência domestica entre parceiros íntimos, que incluiu homens como vítima de violência, praticada por suas parceiras e/ou parceiros.
Me chamou atenção, algo que já havia refletido, mas, não lido, como se dá a construção da masculinidade. Ora, assim como não se nasce mulher, mas, torna-mo-nos mulher, já dizia Simone de Beauvoir, também homem não nasce homem, ele tornar-se homem. Ser mulher e ser homem não é algo dado, determinado biologicamente, mas, uma construção social, cunhada por séculos e séculos de ideias e ideologias do ser homem.
Interessante é que o ser homem se constrói na oposição ao ser feminino, ou seja, tudo que seja “feminino”, ou “historicamente construído como feminino”, é do feminino: a fragilidade, a emotividade, a fraqueza, a passividade, a inconstância, a alma cheia de caprichos misteriosos, o recato, uma certa malignidade inata destruidora dos homens que precisa ser dominada, sufocada, adestrada. Sendo assim uma mulher sem o governo de um homem, é desgovernada.
Bem se a construção do masculino é de oposição ao que é “feminino”, temos então o masculino: a potencia, a razão, a força, a impetuosidade, a conquista, a linearidade da alma, a violência como uso de conquista e dominância sobre a mulher e sobre outros homens.
Não é a toa que em determinadas sociedades a entrada de um jovem no mundo masculino é precedida de provas que demonstre sua força, virilidade e coragem. Um homem que não carrega em si esses adjetivos, não é um homem, é um maricas e essa visão está tão fundamentada socialmente que as próprias mulheres enfatizam essa construção.
Quando querem praticar violência contra seus parceiros (entre homens a incidência maior é da psicológica), mulheres usam preferencialmente atingi-los nesses “marcos de masculinidade” dizendo-o menos homem ou um homem fracassado.
Ouvindo um pastor ministrar a Palavra de Deus, ele disse a seguinte frase “eu aprendi a ser homem observando Jesus. Como ele tratava as mulheres, as crianças, os outros homens, como se portava diante da vida.”
É um desafio para todo homem que quer seguir a Cristo abandonar a propositura social de ser homem para tornar-se homem conforme Jesus.
Um homem que chorava, que se emocionava, que tinha compaixão profunda pelos outros, um homem que sabia lidar com as fragilidades do Outro e com as suas, que reconhecia na criança o melhor modelo de espiritualidade, que compartilhava com as mulheres seu saber, seu poder, seu perdão, dialogando com elas sem superioridade.
Por fim um homem que abriu mão da potencia, da força, da virilidade, da conquista, da violência, para ser “uma ovelha muda indo ao matadouro”, que não quis ser servido, mas, serviu e que ao contrario que toda sociedade ensina para que um homem bem sucedido, foi humilhado, aviltado, surrado, passivo diante da violência tremenda de que foi vítima, até morrer a morte dos malditos na cruz.
Interessante que ao morrer naquela Cruz como cordeiro imolado, ovelha muda, passivo, humilhado, Jesus se mostrou e demonstrou o que é ser homem, macho, tanto na sua vida terrena, quanto em sua morte salvífica.
Para cada homem e mulher pensar: quem somos? O que é verdadeiramente ser homem ou mulher? Como se constrói um homem, uma mulher? Em que bases? São os homens felizes por terem que se ajustar a todo custo ao modelo pré estabelecido para eles? Existe um outro modo de ser homem? Vários modos de ser homem?
Para o homem que segue a Cristo você tem aprendido ser homem a partir do Senhor? É um grande desafio!
Lançar mão dessa “alegoria de escola de samba” que é nosso Si Mesmo, para sermos apenas nós mesmos em Cristo.
Para homens e mulheres que seguem o Mestre eis o desafio do discipulado: tornar-se homem e mulher construídos em Cristo, não na sociedade, não na religião (adoradora da sociedade), nem em dogmas, nem tradições familiares, mas, unicamente construídos em Cristo.
Cândida Maria Ferreira da Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário